Laura Sturr, é uma executiva experiente, há mais de 20 anos no setor de entretenimento interativo que lidera as operações da Amazon Games, onde supervisiona as ações, a infraestrutura escalável, as publicações externas e a administração geral. Antes da Amazon, ela assumiu funções na Sony Computer Entertainment, THQ, Sony Online Entertainment e Robot Cache. Recentemente, Laura foi indicada para o conselho da Women in Games International (WIGI), uma organização sem fins lucrativos com a missão de fomentar recursos para promover igualdade econômica e diversidade na indústria de jogos global. Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher no início deste mês, ela participou das discussões em um painel com outras mulheres em posição de liderança em Jogos e Entretenimento na Amazon. Este painel debateu como as mulheres navegam com pessoas parceiras na busca pela igualdade hoje e no futuro na indústria de jogos.
No espírito do Dia Internacional da Mulher, conversamos com a Laura para ouvir o seu depoimento sobre os desafios que as mulheres enfrentam e as ações que todas as pessoas podem tomar para lidar com eles.
Amazon Games: Laura, agradecemos por dispor do seu tempo para conversar conosco hoje. Do seu ponto de vista, poderia mencionar alguns dos maiores obstáculos para se alcançar a equidade para mulheres e como superá-los?
Laura Sturr: Um dos maiores e mais antigos obstáculos que as mulheres enfrentam no ambiente de trabalho começa pela conscientização sobre a desigualdade. É importante enxergar, definir e compreender a postura tendenciosa à nossa volta que pode levar a ambientes de trabalho menos inclusivos e inibir as mulheres de crescer e avançar na carreira. Apesar de já ter visto comportamentos ofensivos, a maior parte do que eu presencio no dia a dia pode ser difícil de identificar diretamente. Mas o espectro de desigualdade inclui: microagressões, colegas e parceiros que desvalorizam contribuições ou pressupõem que você não tem tanto valor a contribuir mesmo com formação e experiência equivalentes; ter que provar constantemente sua habilidade e poder de impacto; ou comandar campos de trabalho menos inclusivos. Tudo acaba levando a uma cultura mais ampla que dificulta o avanço das mulheres.
O melhor que cada um de nós pode fazer, tanto homens quanto mulheres, é usar nossa voz para denunciar cada uma dessas várias situações de desigualdade (da maneira que nos for confortável) e defender mudanças em cada oportunidade. Uma colega aqui da Amazon, a Crystal Daniels, chama isso de dar um tapa na mesa! Um conselho que ela nos deu no painel é sempre conferir, em todos os tipos de encontro, se todas as vozes estão presentes à mesa e se estão sendo ouvidas.
É uma situação que requer coragem e que por vezes pode intimidar, mas é assim que damos um impulso genuíno rumo ao progresso sustentável. Muitas vezes, as pessoas não têm consciência de serem culpadas em alimentar esses obstáculos no ambiente de trabalho. Por isso, é importante o nosso esforço em destacar os obstáculos que surgirem. Ao longo da minha carreira, recebi agradecimentos na maioria das vezes em que agi assim. Acredito sinceramente que a maioria das pessoas é boa e deseja se unir pela mudança!
AG: Como podemos ampliar a equidade nos jogos?
LS: As lideranças da indústria de jogos precisam fazer da Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) uma prioridade de fato. É questão de recrutamento e gestão de talentos. As companhias de jogos podem fazer um esforço orquestrado para formar gerentes e líderes que valorizem pessoas de todos os tipos, bem como a diversidade de suas contribuições. Isso leva à contratação de gerentes mais conscientes deste tipo de preconceito no recrutamento, e garante uma busca mais ativa por mulheres para o preenchimentos das vagas. Afinal, são 3 bilhões de pessoas que jogam ao redor do mundo, em igual proporção entre homens e mulheres. Além de ser a coisa certa a se fazer, é assim que as empresas obtêm sucesso: garantindo que os funcionários sejam representativos dos clientes que elas atendem. Aqui na Amazon, tudo gira em torno dos clientes (jogadores), que são o nosso Norte.
Quando as mulheres são bem-sucedidas, cria-se um ciclo virtuoso. Essa visibilidade é um ponto crítico, pois ajuda mulheres motivadas na carreira a perceber em primeira mão que há lugar para elas no ambiente de negócios e que podem ter sucesso em papéis de liderança que elas até então julgavam inacessíveis para si mesmas. Isso mostra que a empresa para a qual elas trabalham em conjunto valoriza as mulheres e suas contribuições. E aí cabe a essas mulheres estender a mão às demais que vêm galgando os degraus. Nossa mentoria e nossas contribuições a essa causa estão no cerne da aceleração desse progresso.
AG: Que tipo de progresso você tem presenciado na igualdade de gênero em sua vida e trabalho?
LS: Há 20 anos, fui convidada a uma reunião de conselho com 120 pessoas na sala, 2 mulheres; uma delas servia chá, e a outra era eu. Foi uma situação extremamente intimidadora. Foi um daqueles momentos em que você apenas engole em seco e faz um balanço dos imensos desafios que as mulheres enfrentam para conquistar um lugar à mesa e se fazer ouvir. Já presenciei um progresso imenso ao longo da carreira, e felizmente este tipo de cenário é muito mais raro de se encontrar. Mas os desafios permanecem. Hoje, as mulheres são uma parcela maior e mais respeitada do jogo: Tenho visto em primeira mão muito mais líderes e colegas mulheres no setor, o que é um avanço fantástico. Os jogos são para todos, e por isso cabe às empresas de jogos contratar pessoas que representem o público que atendem. Quanto melhor quem trabalha com jogos entender que a inclusão é um valor primordial da organização, mais propensa essa pessoa estará a se manifestar quando for necessário. Sinto-me à vontade para dizer que tenho visto essa mentalidade ser adotada de maneira cada vez mais firme pelo setor, e certamente aqui na Amazon Games.